domingo, 18 de julho de 2010

A TEORIA DO PERDIGUEIRO MAGRO



O cirurgião Luiz Carlos Buarque de Gusmão, meu companheiro de plantão em Arapiraca, é celebrado como um dos mais tinhosos caçadores do agreste e do sertão. Respeitado professor de anatomia da Ufal,Manga-Rosa – apelido que virou sobrenome, acompanhado de seus perdigueiros, sobreviverá ainda muitos anos como caçador, tudo indica que, como anatomista, é um dos últimos da espécie.Aos não iniciados na Arte de Hipócrates uma explicação: desde os primórdios o ensino da anatomia constituiu-se na porta de entrada e num dos principais pilares do conhecimento médico. Grande gargalo do curso, não é por acaso que os professores que a ela se dedicam revestem-se de uma peculiar aura que os tornavam odiados ou amados, indiscutivelmente os mais temidos do curso.Embora professores de outras áreas médicas corram o risco de ser varridos do planeta, na anatomia a coisa ficou difícil: a carga horária de dois anos vem sofrendo progressivo cruel processo de atrofia até o momento atual, restrita a magras semanas. A tendência é piorar. Os mentores da atual grade curricular dos cursos de medicina não fazem segredo de que a orientação precípua do curso é para “formar cidadãos” que se tornem sensíveis às grandes questões nacionais: injustiças sociais, desemprego, concentração de riquezas e outras que tais. Medicina que é bom, se sobrar tempo, será destinada às demandas do SUS.Ninguém, pois, deverá estranhar se as vagas nos cursos médicos forem ocupadas por engajados filósofos, historiadores, assistentes sociais, sociólogos, cientistas políticos – naturalmente gauchistes –, que é para apimentar a doutrina.Aliás, sobre esse tema, a revista Veja (ed. 2171) desta semana traz interessante contribuição assinada por Gustavo Ioschpe.Mas o que eu queria mesmo era aproveitar as lições do ardiloso caçador de nambu e aplicar ao time do Brasil. É que nas horas vagas, Manga-Rosa dá aulas de estratégias de caça. Sobre o perdigueiro ensina: 1) Odeia mau atirador; 2) Para ser bom, tem que ser magro; 3) Lugar de cachorro gordo é no colo. Ao observar o time do Brasil, logo se destacam os lulus de madame: Kaká e Robinho (Ronaldo “Fenômeno”, Ronaldinho e Adriano CV fizeram escola) que gordos e mimados, de papadinha, tropeçando na bola, fracos de pontaria, até agora pouco fizeram para justificar a fama. Já Maicon, Juan, Lúcio e Gilberto Silva eram os perdigueiros magros que até ontem garantiam o êxito da “caçada

NUDEZES E BARBÁRIE



A ausência de Eduardo Bonfim das páginas da Gazeta às sextas abre um vazio. Afastado por conta de lei eleitoral, repito mais uma vez: seus artigos me inspiram. Para compensar, os editores publicaram texto inédito do pranteado d. Fernando Iório, uma das maiores figuras do clero alagoano e um dos articulistas mais lúcidos deste espaço.
Mas o momento é de reflexão. Menos pela eliminação do Brasil da Copa do Mundo, um acontecimento normal quando duas equipes se confrontam. Uma delas há que sair vitoriosa. Ao contrário do que pensa boa parte da imprensa burguesa, golpista, reacionária e hegemônica (como diria Bonfim), não considero nem Dunga nem Lula os responsáveis pelo insucesso.
A culpa de Dunga seria pela insistência em escalar gente do quilate de Felipe Melo, o “Abominável Homem da África”. A Lula atribui-se uma aura de azar, de mau agouro, o chamado “pé de galocha”, sobretudo quando o assunto é seleção. Embora não acredite nessas coisas, coincidência ou não, foi apenas o presidente cavalgar seu “Lula I” em direção à África para ocorrer o fracasso.
Em meio à decepção, o bálsamo foi a goleada que os argentinos tomaram da Alemanha. Los hermanos haviam sido desumanos com a nossa dor, de modo que o troco dos brasileiros era inevitável. Além disso, livramo-nos (em nome da estética) do visual despido de Maradona. Como se sabe, d. Dieguito comprometera-se em desfilar no pêlo em praça pública.
Aliás, despir-se em público também fazia parte das promessas da modelo paraguaia Larissa Riquelme. Não obstante a desclassificação dos guaranis, a “namoradinha do Mundial”, para alegria de milhões de torcedores, mostrou os montes e vales que compõem sua exuberante anatomia.
Nem só de glamour vive o mundo esportivo. Com efeito, o ritual macabro que eliminou a jovem paranaense Eliza Samúdio desnudou um dos seus lados mais sórdidos. Frequentadora dos bacanais e surubas dessa turma de deslumbrados (o universo político é superponível), a gravidez e o pedido de pensão para a criança soariam como uma traição imperdoável para o goleiro psicopata. O tal de Bruno não admitia posar de “babaca” para os colegas. Afinal de contas, a moça não era nenhum modelo de castidade.
Com a carreira sepultada, graças à lassitude das leis, o mandante e seus comparsas deverão estar livres em poucos anos. O que esperar de um país que mantém impune o “chefe da quadrilha dos mensaleiros”, coincidentemente, paparicado expoente da política nacional?
10/07/2007

OS CANDIDATOS


O candidato José Serra tem tido dificuldades para explicar o porquê do descumprimento de sua promessa de nunca abandonar o governo paulistano para se candidatar a outro posto. Como estamos em fim de mandato para os governadores, talvez ele possa dizer que o cumpriu “integralmente”.
Outro ponto indigesto de sua campanha (além do DNA tucano) tem sido o preço dos pedágios nas estradas de S. Paulo, privatizadas ao longo dos anos das gestões do seu partido.
Seus grandes trunfos residem no histórico de prévias campanhas, com mais vitórias que derrotas, de manter-se à frente do maior estado da Federação e de não ter se envolvido com grandes escândalos financeiros – ao contrário de outro paulistano, doutor Paulo Maluf, “o político mais ficha limpa do Brasil” (segundo o próprio).
Como ministro da Saúde, Serra não se saiu tão mal. Embora cognominado de “Ministro da Dengue”, jacta-se de haver quebrado a patente dos medicamentos para aids. Foi durante sua gestão que os médicos passaram a receber oitenta reais por um parto e quatro reais por uma consulta. Um espanto!
Olho para o Serra e cada vez menos entendo os eleitores. Como um sujeito chato e sem graça consegue chegar tão longe?
Dilma Rousseff hoje posa de Madalena quase arrependida. Seu passado é mais forte que o da Moça do Wando. Aos 16-18 anos, olhou para o Brasil e o enxergou sem perspectivas.
Na sua óptica, o futuro estava no comunismo e para tal enturmou-se em grupos de guerrilhas e assaltos, sob a desculpa do combate à ditadura militar. Há quem a veja como uma simples bandida, outros como
uma heroína.
Beatificada pelo presidente Lula, tudo que existe de bom no governo, segundo seu criador, tem a varinha mágica da fada madrinha. A essa altura, não fora ela uma tremenda mala sem alça, já era para estar com 60-70% das intenções de voto.
Dona Dilma, como Serra, também tem dissabores. Afeita a dossiês, tudo indica que essa atividade não é o seu forte.
Acusada de forjar currículo em que se dizia mestra e doutora pela Unicamp, foi pega com a mão na botija desconstruindo dona Ruth Cardoso e, mais recentemente, o enjoado Eduardo Jorge (o EJ).
Na modesta opinião do comentarista, DR é a virtual presidente do Brasil. É também uma experiência de laboratório, um ser in vitro, que a qualquer momento irá escapar do controle do seu idealizador.
Marina Silva! Marina morena! Um lírio nesse pântano fedorento. Infelizmente, boa demais, saudável demais. Uma fatia de peixe cru sem sal.