segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A MANÍACA DO PORTO


A MANÍACA DO PORTO
Por: »RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Depois de passar alguns dias entre Barcelona e Valência, na Espanha, estou no Porto, em Portugal. Juro que a minha ascendência espanhola dos Mendonça/Ayala não tem nada a ver com o que eu vou dizer: embora Portugal e Espanha passem por dificuldades, quer me parecer que os espanhóis sentem menos a atual crise cíclica do capitalismo.

A bem da verdade, não observei a Espanha de cócoras, penico na mão, esmolando a caridade pública na porta das catedrais. Aliás, vi três pedintes entre Barcelona e Valência. Aqui no Porto, onde me encontro, uma senhora ensandecida nos abordou na rua. Talvez ela quisesse uma ajuda financeira. Estava muito excitada. Avaliei que poderia não ter tomado seu Haldol. Evitei perguntar para não ser indelicado...

Quando soube que éramos brasileiros, de súbito, pareceu curar-se do estado de excitação. Apoiaria Dilma Rousseff, caso necessitem.

Segundo ela, os brasileiros são mimados. Um bando de fracotes, uns desossados franguinhos de granja. Linha-dura, esse negócio de liberdade de imprensa é coisa de maricas. Gosta do estilo DR. Do tipo “quem for podre que se quebre”. Burguesinho que ouse discordar de uma revolução bolchevista tem mais é que ir para um Paredón!

Sua verborreia intrigava. Já estivera em Alagoas. Conheceu a Miss Paripueira. Era apaixonada pela musa alagoana.

Dela teria adquirido alguns hábitos, sobretudo em relação às vestes um tanto

heterodoxas. Odeia Gorbachov. Para ela, o líder soviético tinha pouca sensibilidade. Era lacaio do imperialismo americano e inglês. Além de tudo, quem mandava

nele era a mulher, Raíssa, uma burguesinha metida a intelectual, na verdade (segundo ela), não passava de uma consumista disfarçada de socialista. E o pior de tudo, só comprava refugos e imitações. Uma cretina de gosto duvidoso que era ridicularizada nos salões chiques da Europa e EEUU.

Minha louquinha predileta, provavelmente delirava quando nos disse que nos anos setenta participara da luta armada no Brasil. Tivera uma tórrida relação com Marco Aurélio (o auxiliar da Supone). O que ela mais odiava nele era o mau costume de não escovar os dentes.

Na sua loucura, ao saber que tenho espaço num jornal, pediu-me para mandar um recado aos velhos guerrilheiros. Que eles não tivessem vergonha de dizer que queriam implantar um regime ditatorial de esquerda no Brasil. Fossem honestos.

DIA DO MÉDICO: QUASE UM DESABAFO


DIA DO MÉDICO: QUASE UM DESABAFO
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
A Clinica de Repouso Dr José Lopes de Mendonça, criada há 54 anos sem qualquer ajuda do poder público, foi desafiada a oferecer leitos de retaguarda para os pacientes do HGE. Tivemos conversas pessoais com o secretário Jorge Vilas Boas e auxiliares. Nossa adaptação começou no início deste ano e foi acompanhada pela Secretaria de Saúde do Estado através dos técnicos do órgão.

Concomitantemente, a direção da Clínica, exaurida por uma diária de R$ 30,00 , anunciou por escrito a decisão de diminuir a oferta de leitos psiquiátricos ao Sus. Chegamos no limite. Chega de humilhações.

Não existe nada de extraordinário nessa redução, uma vez que o próprio MS, no seu afã de trucidar os hospitais psiquiátricos do País, estabeleceu que aqueles que tenham um número menor de pacientes seriam contemplados com uma diária um pouco menos vil. Afinal são 40 mil loucos abandonados no país.

Se nada for feito, o próximo passo é fechar definitivamente o atendimento para a psiquiatria do SUS. Estamos jogando a toalha. Vocês da “ luta antimanicomial” podem comemorar. Alô, companheiro vereador, patrocinador da causa, abra uma vodka. Os doentes psiquiátricos do Sus certamente ficarão famosos ganhando as páginas policiais dos jornais. Vocês da “luta antimanicomial” se fingirão de mortos quando um esquizofrênico detonar a família. No entanto, vamos manter portas abertas para convênios e particulares.

Como dizia, desde janeiro de 2014 estamos em conversação. Vocacionados para assistência hospitalar, aceitamos o desafio de celebrarmos um convênio de clínica médica com o SUS. Reservamos uma fatia do hospital. Ficou bonita. Poucos hospitais de Alagoas podem se comparar ao que fizemos.

Ao mesmo tempo em que investíamos do próprio bolso, a Secretaria Municipal de Maceió recebia documentação dando conta de nossa decisão em reduzir nossa oferta de leitos. A Clínica Zé Lopes se dá o direito de não querer mais ser asfixiada. Afinal, o hospital é nosso e dele faremos o que quiser.

A proposta de ter leitos de retaguarda do HGE quer parecer interessante. O Hospital Santa Rosa e Clínica Zé Lopes são independentes. A secretária da saúde do município, inexplicavelmente, na contra-mão dos fatos e do bom senso, decide que não aceita essa redução. Quer nos forçar a ter prejuízo e ficar de bico calado. O que tem a secretária de saúde do município contra a Zé Lopes?