sexta-feira, 20 de setembro de 2013

PROSTITUTAS E TOUPEIRAS


PROSTITUTAS E TOUPEIRAS

RONALD MENDONÇA

MÉDICO E MEMBRO DA AAL

Línguas malsãs costumam dizer que a prostituição está para Cuba como o bolsa-família está para o Brasil. Com efeito, um amigo, “insuspeito” celibatário e comunista-guevarista de carteirinha, relatou, para quem quisesse ouvir, um affaire com uma agradável jovem islense que se dizia arquiteta, especialista em “equipamentos urbanos”.

 Isabelita mostrou-se  de uma fidelidade à revolução que beirava o grotesco. Morena calipígia, o seu belo corpo tatuado exibe temas nacionalistas  que revelam incondicional amor à pátria. Enfim, lindamente nua, o alagoano  deu de cara com as brochantes  imagens de Fidel e Guevara ocupando boa parte dos esculturais  glúteos. Um desperdício, bom Deus, segundo ele..

Sim. Era, com muito orgulho, funcionária do governo. A bem da verdade, agua  grama. Os dólares advindos da atividade, digamos, lúdica, eram-lhe indispensáveis. Modéstia à parte,  era disputadíssima. Tivesse ela, na prancheta, a metade da criatividade revelada na cama, seria uma réplica perfeita do companheiro Niemayer.

Seu senso de cidadania comoveu o parceiro sexual. Os dólares (ou parte deles) eram trocados e iriam engrossar o caixa do governo. Na hipótese menos nobre,  pagaria as fraldas importadas que o incontinente velho Fidel consome. Anteviu  todas as crises cíclicas do capitalismo. É dura com o ultraliberalismo e vaticina o iminente esfacelamento do imperialismo americano.

Beleza herdada da mãe,  não está no ramo por acaso. Sente-se privilegiada por   conviver com pessoas de outras plagas. Desde que remunerada, não distingue gênero. Adora a multifacetariedade sexual das comitivas brasileiras. Gente evoluída, desprovida de idiotas preconceitos burgueses. São grupos álacres,  que pagam regiamente, apreciam a boa bebida cubana, a farra, a suruba e “los puros”.  Uns debochados.

Que não se conte com ela para beijos na boca. Aprendera  com Julia Roberts, numa cópia pirata do filme Uma Linda Mulher. Não obstante, considera  a obsessão feminina pelo orgasmo como um odiento capricho pequeno-burguês. “Gostaria de pensar que a companheira Dilma comunga da mesma opinião”, completa.

Sequer admite discutir que as médicas cubanas, contratadas pelo “Mais Médicos”, sejam prostitutas. Ainda que quisessem, não se enquadrariam no perfil do metier.  Nesse aspecto, ela dá razão ao jornalista Ricardo Mota. Quanto à competência, Isabelita não põe a mão no fogo por nenhuma. Seriam “toupeiras”, definiu no seu portunhol de beira de cais.

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