sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ONÇAS, ANTROPÓFAGOS E ANACONDAS


ONÇAS, ANTROPÓFAGOS E ANACONDAS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
 

Fissurado  em sessão do Supremo, persegue-me  crônica paixão recolhida pelo Direito. Embora desde cedo – depois de renunciar à vida monástica – tenha focado a Medicina, criei-me também entre advogados. Adolescente, viajava nos  apaixonados relatos que os tios faziam de famosos julgamentos. Nomes como Evandro Lins e Silva, Nelson Hungria, Pontes de Miranda, Oscar Stevenson, com certo exagero, me eram quase familiares.

Lembro uma sessão em que famoso criminalista penetrava nas entranhas de um assassinato. Do lado oposto, uma advogada defendia o acusado. Sussurrava-se que entre os dois havia algo além do Código de Hamurabi. Num dado momento, a causídica – por sinal, simpática – interromperia o discurso do colega advertindo-o de que este  não seria homem bastante para tomar tal ou qual providencia jurídica. A resposta foi imediata: “Nada me impede de enveredar por essa linha. Quanto ao homem, V. Exa. já teve oportunidades de conferir in loco. “

Disso tudo vem a compaixão em  compreender o excruciante sofrimento moral dos companheiros mensaleiros com o julgamento, a conta-gotas, dos “embargos infringentes. Eles não merecem passar por esse calvário.  Poucos resistiriam. Somente homens com a têmpera forjada  no desterro, nos campos nazifascistas, nos porões da ditadura...  Derrotando onças do Pantanal, antropófagos e anacondas na Amazônia,  e  por que não dizê-lo, superando os extenuantes exercícios de guerrilhas,  é que teriam condições de suportar tais provações.

Deus tem sido muito generoso com o povo brasileiro em ter permitido que o seu destino fosse entregue em honradas mãos petistas, peemedebistas, pecebistas, pedetistas e outras não menos  competentes e honestas. Por isso a certeza de que nada de mal vai acontecer a esses doces rapazes. Sobretudo porque eles destilam inocência, como perfume uma flor.

 Mortais comuns  perguntam-se como pôde acontecer de pessoas de índoles tão boas serem acusadas de coisas tâo feias... É a inveja. O capital estrangeiro é capaz de qualquer coisa. Vejam o que aconteceu a esse bom menino, ex-espião americano. O capitalismo selvagem quase o liquidou. Era  um oráculo das esquerdas em  estado larvar.

Gente, Dona Dilma merece um afago. Felizmente, quarta-feira está próxima. Com o voto do decano do STF, Celso Mello, enfim  veremos uma pontinha de sorriso nos rostinhos de madame e dos queridos mensaleiros.

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