A maldade humana insiste em
apontar José Genoíno, que teve
confirmada sua condenação como mensaleiro pelo STF, como um dos delatores na
“era do chumbo”. A obtusidade dos rancorosos não perdoa o fato de um quase adolescente arriscar sua
vida por um ideal: implantar um regime comunista no país. Nem que para isso
tivesse que enfrentar a antipatia da população. De qualquer forma, o
desmantelamento do foco de guerrilha do Araguaia deu-se a partir da prisão do
guerrilheiro.
Não é segredo para ninguém que os bravos
idealistas do comunismo não contavam com a simpatia popular. Sobretudo na época
do chamado “milagre brasileiro”, decênio marcado por um boom de crescimento, de
expansão na área das comunicações e de construção de obras essenciais para
nação. A classe média viveria seu apogeu até 1974, quando a OPEP resolveu jogar
para a estratosfera o preço do petróleo, acabando com a farra mundial.
Heróis, capitaneados por Lamarca,
Genoíno, Stela (posteriormente
assumindo-se como Dilma), dentre outros, deram um tremendo azar. Agiram
na época errada. Em nome do ideal marxista/stalinista/leninista/trotskista/guevarista
teriam ingressado na luta armada justamente quando os militares estavam no auge
da aprovação. Por mais entusiasmo que o irresistível charme de “Che” ordenando
fuzilamentos em massa pudesse despertar, não havia clima para aventuras
socialistas.
Ainda assim, lamento não ter engrossado as fileiras dessas
figuras que hoje ocupam merecido espaço na galeria dos heróis nacionais. Em vez
de estudar Anatomia, de perder noites de sono interpretando Houssay, um enjoado
fisiologista argentino (!), a parasitologia de Pessoa – com pavor do Prof. Gastão
Oiticica... De olho nas discussões da esquerda festiva, leria o prefácio das
baboseiras de Marx e Engels e o Manual da Guerrilha Urbana...
Sonhar não é pecado. Com a
bondade de Deus, hoje estaria beliscando uma bela aposentadoria, a justíssima bolsa ditadura. Seria um apologista do bolsa família, alicerce da economia
brasileira. Beijaria, sem entojar (amo aquela juba milionária) o sorridente
”fotoshop” da Dilma, estrategicamente colocado na mesinha de cabeceira Nunca mais discutiria procedimentos cirúrgicos
com quem não compreende o que lê.
Talvez me tornasse um palpiteiro
em economia. A mídia reacionária, hegemônica e golpista que se cuidasse. O
ultraliberalismo iria curvar-se diante da opulência do bolsa família. Esfregaria
nas fuças da direita o manual do Sus, agora de sangue novo com os cubanos.
Gazeta de Alagoas 31/08/2013