sábado, 12 de janeiro de 2013

CAPITAL E PREGUIÇA: COTAS E QUE TAIS

CAPITAL E PREGUIÇA: COTAS E QUE TAIS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL




Com certo espanto acompanhei pelo rádio uma entrevista de um sujeito identificado
como arauto do Ministério da Educação, especificamente do SISU, o “incompreendido”
sistema de inscrição universitária. Tremendo cara de pau, o  entrevistado expressou comovente contentamento com o que denominou de “adesão voluntária dos estudantes brasileiros” (como se houvesse
alternativas), prova inequívoca do acerto em nacionalizar o vestibular.
Nosso heroi, certamente incorporando algum espírito zombeteiro, preferiu ignorar
o caso de polícia em que se transformou o exame para ingresso nas instituições
universitárias federais. Caos, aliás, que tem o seu coroamento na hora da inscrição, o
aludido SISU. Por fim, responsabiliza a internet como a causa do problema, como se
sua trupe, nos comunistóides delírios centralizadores (“equidade”), não tivesse previsto
as limitações da rede.
O sujeito fala em “equidade” e elide as desigualdades regionais no ensino médio
que fazem com que as vagas nos nossos cursos mais concorridos sejam ocupadas
por alunos de outros Estados. O ápice da desordem foi a falta de preenchimento
de onze vagas no curso médico! A entrevista passaria ao largo das cotas para os
afrodescendentes. É a síntese do País.
País que nega a existência de apagões, eufemisticamente apelidado de “interrupções”
pela meiga presidente; que tem um Edison Lobão como responsável pela coisa; que na
hora H apela para o “se Deus quiser, esse país não terá apagões”. Com certeza, Deus, na
sua infinita misericórdia, jamais permitirá desgraças assim.
Sobretudo porque nossos gestores são escolhidos por Ele. Imaginem, por exemplo, se
o RJ não tivesse um Sérgio Cabral como governador. Mestre em caras e bocas, não
fora Cabral esse heróico administrador atento e respeitável, é possível até que o Cristo
Redentor já tivesse despencado do pedestal. Afinal, posto virem do céu, chuvas são
sempre abençoadas e bem-vindas.
País que, apesar do ufanismo governamental e das recalcitrantes negações, teve um
crescimento ridículo (“pibinho”), beirando a indigência, além da preocupante inflação
que desafia a genialidade dos companheiros, leitores compulsivos de Marx. (Sendo o
Capital um livro grosso, penso que ainda não chegaram nesse capítulo...)
No fundo, não restam dúvidas: a culpa pelo pibinho mixuruca e pela galopante
inflação é da mídia hegemônica, machista, reacionária, rancorosa e golpista que não se
conforma em ter uma operosa gerentona na presidência.

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