CAPITAL E PREGUIÇA: COTAS E QUE
TAIS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
Com
certo espanto acompanhei pelo rádio uma entrevista de um sujeito
identificado
como arauto do Ministério da Educação, especificamente do
SISU, o “incompreendido”
sistema de inscrição universitária. Tremendo cara de pau, o
entrevistado expressou comovente contentamento com o que denominou de
“adesão voluntária dos estudantes brasileiros” (como se
houvesse
alternativas), prova inequívoca do acerto em nacionalizar o
vestibular.
Nosso heroi, certamente incorporando algum espírito
zombeteiro, preferiu ignorar
o caso de polícia em que se transformou o
exame para ingresso nas instituições
universitárias federais. Caos,
aliás, que tem o seu coroamento na hora da inscrição, o
aludido SISU.
Por fim, responsabiliza a internet como a causa do problema, como
se
sua trupe, nos comunistóides delírios centralizadores (“equidade”),
não tivesse previsto
as limitações da rede.
O sujeito fala
em “equidade” e elide as desigualdades regionais no ensino médio
que
fazem com que as vagas nos nossos cursos mais concorridos sejam
ocupadas
por alunos de outros Estados. O ápice da desordem foi a falta
de preenchimento
de onze vagas no curso médico! A entrevista passaria
ao largo das cotas para os
afrodescendentes. É a síntese do
País.
País que nega a existência de apagões, eufemisticamente
apelidado de “interrupções”
pela meiga presidente; que tem um Edison
Lobão como responsável pela coisa; que na
hora H apela para o “se Deus
quiser, esse país não terá apagões”. Com certeza, Deus, na
sua
infinita misericórdia, jamais permitirá desgraças assim.
Sobretudo
porque nossos gestores são escolhidos por Ele. Imaginem, por exemplo,
se
o RJ não tivesse um Sérgio Cabral como governador. Mestre em caras
e bocas, não
fora Cabral esse heróico administrador atento e
respeitável, é possível até que o Cristo
Redentor já tivesse
despencado do pedestal. Afinal, posto virem do céu, chuvas são
sempre
abençoadas e bem-vindas.
País que, apesar do ufanismo governamental e
das recalcitrantes negações, teve um
crescimento ridículo (“pibinho”),
beirando a indigência, além da preocupante inflação
que desafia a
genialidade dos companheiros, leitores compulsivos de Marx. (Sendo
o
Capital um livro grosso, penso que ainda não chegaram nesse
capítulo...)
No fundo, não restam dúvidas: a culpa pelo pibinho
mixuruca e pela galopante
inflação é da mídia hegemônica, machista,
reacionária, rancorosa e golpista que não se
conforma em ter uma
operosa gerentona na presidência.
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