O PÓ
Ronald Mendonça
Médico e Membro da AAL
O professor Bouganville era a figura mais
respeitável da faculdade. O culto à sua pessoa transbordava os umbrais do
santuário hipocrático. Às suas magistrais aulas acorriam alunos de todas as
séries. Momentos havia de dúvidas acerca do que lhe era mais destacado, se seu
cristianismo epidérmico ou a arte burnida nos sacros territórios de Epidauro.
Assim foi a figura de José da Silva Bouganville, um pesquisador
incansável, desnudo das vaidades mundanas (que, a seu ver,
enfraquecem o caráter e condenam a alma). Esposo e pai exemplar, nosso herói,
na sua imensurável modéstia, dizia-se, só acalentava um orgulho: nunca cobrara
uma consulta. No íntimo, um quase anacoreta a viver entre a família, os doentes,
os alunos e a inquebrantável Fé.
O bom José um dia se aposenta. A elegância sóbria passaria a ser vista
aos finais de tarde em áreas movimentadas. Shoppings e galerias viraram objetos
de desejo. Nada se lhe comparava à recém descoberta da beleza das mulheres jovens, seus montes e
vales. O anatomista esculpia na mente os detalhes ocultos.
O fato é que o arquétipo da moral, o pai de várias gerações de brilhantes
esculápios, o fiel leitor de Santo Agostinho, tornara-se um compulsivo
namorador. Ou tentava sê-lo. Os desatinos atingiriam o clímax com a sua
rumorosa prisão, em plena via pública, depois de tentar assediar fisicamente
uma colegial com a idade de sua bisneta.
Levado a uma perícia médica, chegou-se à dolorosa conclusão: o cérebro do
eminente mestre havia murchado em áreas, justamente, que dão prumo às condutas
morais. Uma carta da família esclareceria os fatos. Lida na
Congregação da Faculdade, comoveria o mais empedernido dos corações.
Bouganville, num rasgo de resignação, exclamaria: “Do pó vim, ao pó retorno!”.
Lembrei-me do velho professor, depois da carta da filha de José Genoino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos chefes do mensalão. Sua biografia, até onde se sabe, e ao contrário do seu chefe no esquema e colega de condenação, o faroso José Dirceu, registra a “mão na massa”. Com desprendimento, levou o seu comunismo ao paroxismo da luta armada. Más línguas o acusam de ter capitulado aos paus de arara e entregue colegas... Como Bouganville, ele e Dirceu estão retornando ao pó.
Lágrimas à parte, ligeiro pormenor histórico tem sido, estranhamente, escamoteado. É que ambos (o intrépido e o dissimulado) a seus modos, combateram a milicada, disso não há dúvidas. Soa como tremenda piada, contudo, descrevê-los “democratas” posto que suas metas sempre foi uma ditadura comunista...
Lembrei-me do velho professor, depois da carta da filha de José Genoino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos chefes do mensalão. Sua biografia, até onde se sabe, e ao contrário do seu chefe no esquema e colega de condenação, o faroso José Dirceu, registra a “mão na massa”. Com desprendimento, levou o seu comunismo ao paroxismo da luta armada. Más línguas o acusam de ter capitulado aos paus de arara e entregue colegas... Como Bouganville, ele e Dirceu estão retornando ao pó.
Lágrimas à parte, ligeiro pormenor histórico tem sido, estranhamente, escamoteado. É que ambos (o intrépido e o dissimulado) a seus modos, combateram a milicada, disso não há dúvidas. Soa como tremenda piada, contudo, descrevê-los “democratas” posto que suas metas sempre foi uma ditadura comunista...
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