sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O HÍMEN DA VIRGEM DE SÃO BERNARDO




Outrora cantada em versos e prosas, sonho de consumo de porcos machistas chauvinistas, a virgindade feminina está disponível na rede de computadores. Uma jovem catarinense pôs sua película à venda, em leilão. Constam ofertas de cem mil dólares. Precinho salgado, acessível a mensaleiros e quejandos.

Moralismos à parte, crê-se que, em Alagoas, salvo a perdulária classe política e alguns gestores apreciadores da fruta, poucos teriam cacife para bancar a moça. Assim mesmo com uma mãozinha de Viagra.

Falo de preço de virgindade e logo me vem o egrégio ministério remanescente do governo anterior. Passivo de gratidão da “herança bendita”, esses caras - defenestrados dos seus cargos apenas após exposição midiática  - participaram ativamente, imagina-se, com seus “esforços” para a eleição de dona Dilma.

Portanto, a permanência nos cargos integraria o catecismo de velhas receitas republicanas de fazer vistas grossas às patifarias ministeriais, desde que não sejam denunciadas pela imprensa. Embora não haja originalidade, esse conceito teve no PT de Lula, Dilma, Dirceu et caterva aplicadíssimo aluno, diga-se de passagem, pupilo que superou os mestres.

Que pena as coisas terem terminado assim! Lembro com muita saudade daquele brotinho em flor, vestal estrela a tremeluzir-se em frêmitos de honestidade nas portas das fábricas. É certo que poucos acreditavam naquele frenesi demagógico de “partido que nem rouba, nem deixa roubar”. Há, contudo, uma melancolia aos ataques a Sarney, Maluf, Delfim - “o gordo sinistro”... A pretensa virgindade era quase comoventemente crível. Oh! Deus, onde andará aquele hímen dantes inexpugnável, que tão bem simbolizava a agremiação?

Hímens e virgindades lembram, na ficção, o Capitão Justiniano Duarte da Rosa, o Capitão Justo, estereotipado personagem do romance Tereza Batista Cansada de Guerra, de Jorge Amado. Capitão Justo, símbolo do Mal, era um compulsivo colecionador de hímens de adolescentes. Arrancados à força, centúrios, transformavam-se em pingentes troféus ao pescoço,  em lendário colar de contas. O fim foi trágico.

Na vida real, o julgamento do mensalão, como já se disse, bem que poderia ser denominado de julgamento da virgindade perdida. A essa altura, ninguém acredita que a virgem de São Bernardo tenha sido estuprada por um Capitão Justo qualquer. As evidências processuais não deixam dúvidas sobre a vontade deliberada de perder-se, de leiloar sua membrana. Passou um boi, passou a boiada.

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