Embora a lúcida decisão do Supremo Tribunal Federal, em prol da permissão do aborto nos casos de anencefálicos, tenha desagradado a setores das Igrejas – não só no Brasil –, certamente esse não é o nosso maior problema de saúde pública.
Se quiséssemos focar em outra questão também pontual, poderíamos discutir a temida e dolorosa “morte cerebral”, expressão que assinala a inexorabilidade para o êxito fatal, liquidando as esperanças de familiares de terem o seu ente de volta ao convívio. Os “pesos” são justamente os momentos que precedem a decisão de suspensão dos suportes à vida e a discussão em torno da possibilidade de retirada de órgãos para doação.
Antigas bandeiras de correntes feministas e machistas (desde que se queimaram sutiãs em praças públicas), o aborto, o anovulatório e a camisinha vêm emplacando vitórias. A propósito, lembro de uma conferência de famosa professora de Medicina, nos anos sessenta do passado século, versando sobre esses temas e mais o tabu da virgindade.
Afirmava ela, um pouco cinicamente, que as mulheres haviam encontrado a solução para o dilema da atividade sexual plena sem gravidezes indesejadas (com a pílula) e, de sobra, mantendo intacta a emblemática membrana, símbolo do recato feminino, desde que, no seu formato original, fosse complacente.
O fato é que, não obstante, o sinal verde da Suprema Corte para interrupções das gravidezes em casos como estupros e outros não será tão pacífica sua aplicabilidade. É que os próprios médicos obstetras – por razões diversas – não se sentem confortáveis em praticar abortos, mesmo sob o amparo legal. O prazo-limite de 20 semanas para um aborto terapêutico parece arbitrário e desprovido de verdade científica mais consistente. Até 20 semanas não é assassinato... E após esse prazo?
Outra condição clínica que tem chamado a atenção de legisladores e especialistas em bioética é o “estado vegetativo crônico”, peculiar degrau da consciência em que os portadores parecem não interagir com o meio. Dependendo dos cuidados e da idade, muitos perduram anos sobre um leito, à mercê de terceiros, mas não submissos a máquinas especiais.
Não faz muito tempo, um americano recebeu autorização judicial para eutanásia. A jovem esposa mantinha-se neste estado há anos. A experiência pessoal de quatro décadas de neurocirurgia é a de nunca ter ouvido um lamento de uma mãe por cuidar de um filho em estado vegetativo. Nesse aspecto, tenho recebido grandes lições.
Se quiséssemos focar em outra questão também pontual, poderíamos discutir a temida e dolorosa “morte cerebral”, expressão que assinala a inexorabilidade para o êxito fatal, liquidando as esperanças de familiares de terem o seu ente de volta ao convívio. Os “pesos” são justamente os momentos que precedem a decisão de suspensão dos suportes à vida e a discussão em torno da possibilidade de retirada de órgãos para doação.
Antigas bandeiras de correntes feministas e machistas (desde que se queimaram sutiãs em praças públicas), o aborto, o anovulatório e a camisinha vêm emplacando vitórias. A propósito, lembro de uma conferência de famosa professora de Medicina, nos anos sessenta do passado século, versando sobre esses temas e mais o tabu da virgindade.
Afirmava ela, um pouco cinicamente, que as mulheres haviam encontrado a solução para o dilema da atividade sexual plena sem gravidezes indesejadas (com a pílula) e, de sobra, mantendo intacta a emblemática membrana, símbolo do recato feminino, desde que, no seu formato original, fosse complacente.
O fato é que, não obstante, o sinal verde da Suprema Corte para interrupções das gravidezes em casos como estupros e outros não será tão pacífica sua aplicabilidade. É que os próprios médicos obstetras – por razões diversas – não se sentem confortáveis em praticar abortos, mesmo sob o amparo legal. O prazo-limite de 20 semanas para um aborto terapêutico parece arbitrário e desprovido de verdade científica mais consistente. Até 20 semanas não é assassinato... E após esse prazo?
Outra condição clínica que tem chamado a atenção de legisladores e especialistas em bioética é o “estado vegetativo crônico”, peculiar degrau da consciência em que os portadores parecem não interagir com o meio. Dependendo dos cuidados e da idade, muitos perduram anos sobre um leito, à mercê de terceiros, mas não submissos a máquinas especiais.
Não faz muito tempo, um americano recebeu autorização judicial para eutanásia. A jovem esposa mantinha-se neste estado há anos. A experiência pessoal de quatro décadas de neurocirurgia é a de nunca ter ouvido um lamento de uma mãe por cuidar de um filho em estado vegetativo. Nesse aspecto, tenho recebido grandes lições.
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