LUTAS ARMADAS
RONALD MENDONÇA
Quando A Luta é armada faz
vítimas de ambos os lados. A desvantagem dos que tentaram trocar a ditadura
militar de 1964 por uma comunista era grande. Foi mais um equívoco de avaliação
do comunismo na gana pela instalação de uma ditadura. Prestes, em 1935, cometeria
o mesmo erro. Mas, a partir de 67-68, garotos da classe média identificaram-se
com o charme revolucionário de Che Guevara. Virou o sonho de consumo da meninada,
estranhamente fascinada por um repugnante
criminoso sanguinário, mas que divulgava frases de efeito. Um detalhe: o
comunismo na Europa já dava sinais de esgotamento. O mundo queria dançar e
cantar com liberdade e os países comunistas amputavam esse direito das pessoas.
O fato é que, aqui no Brasil, tudo concorria
para a Luta Armada não dar certo. Alguns garotos da minha adolescência
embarcaram nessa fria. Inicialmente, mera curiosidade, reuniões secretas, de
repente estavam de armas na mão fazendo sequestros, roubando bancos, invadindo
residências, planejando envenenar a caixa d´água do quartel... Dias atrás conversei
justamente com o Beltrão e o Verçosa. Eu
falei exatamente isso. Foi um mergulho fundo demais para quem queria tão
somente discordar, desafiar e nadar. Penso que muitos arrependeram-se. Até
porque o paraíso socialista não existe.
Antes dessa decisão ensandecida, houve
uma dissidência nas hostes comunistas. O
próprio Prestes desaconselhara a luta armada, mas havia um Marighella,
destemido, diria até irresponsável na sua coragem.... Do nada, despontaria um incendiário
Lamarca, capitão desertor, apaixonando-se por Iara Iavelberg, uma psicóloga
paulista...
Quando um cara pega em armas, vai
para a clandestinidade e participa de guerrilhas, de confrontos com forças
numérica e estrategicamente superiores já sabe o que o espera. Certamente não é
a glória. Brincar de comunista com um livro de Marx debaixo do braço, no Bar do
Chopp, é uma coisa , fazer parte de um bando armado comandado por um desertor
surtado é outra. Lamarca levaria a sonhadora burguesinha judia ao trucidamento.
A eclipse da guerriha do Araguaia ocorreria com a delação de Genoíno.
Desculpe, Prof. Marcelo Bastos.
Os que pegaram em armas sabiam de tudo isso. Havia, além do mais, uma população
que apoiava o regime militar. O julgamento sumário de um tenente, capturado
como refém do grupo de Lamarca, morto cruelmente
a coronhadas, deu o tom de violência de ambas as partes. Nesses embates não
havia orquídeas. Herzog e Fiel foram mortes terríveis...
Li um livro que os amigos de
Manoel Lisboa (estudante de medicina da Ufal) escreveram. O Lisboa descrito
(que eu não conheci) era ódio da cabeça aos pés. E avisava aos companheiros:
"se eu for preso vou ser morto. Não delatarei".
Estendi-me muito, amigo. Perguntei por vc.,
na Pata. Ah, quanto a Bolsonaro, não há
clima para intervenção militar. Ou ganha no voto ou bota o rabo entre as pernas
e volta pra casa. O povo já o escolheu. Na linguagem chavão comunista, o povo é
"reacionário". Quanto a Haddad, o mínimo que se pode dizer: um grande
pulha! Abraços