CADEIRA VAZIA
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
Quer-se compreender a imperial indiferença com que dona
Dilma et alii receberam a renúncia de Bento 16. Macumbeiros, ciganos,
adivinhos, petistas, tucanos, periquitos, homossexuais, aborteiros, comunistas,
ateus, agnósticos, teólogos marxistas e seitas "evangélicas", que pululam por aí
às pencas, no governo e fora dele, talvez tenham seus motivos para festejar a
saída de Ratzinger. Freirinhas modernosas e padres casadoiros estariam no rol
dos ressentidos.
Comenta-se que um inconfidente valet de chambre de S.
Santidade ao apoderar-se de dados "comprometedores", teria sido a gota
d´água. Em nome da unidade católica, num supremo sacrifício, o papa joga a
toalha. Torço para que dados impublicáveis não melem de vez a biografia do sumo pontífice.
O fato é que a cadeira de Pedro está vazia. A meu ver Bento
encheu o saco. Não está mais a fim de sorrir sem vontade, de distribuir bênçãos
ao léu, de dar frugais adeusinhos a hordas de babacas travestidos de peregrinos, que viajam milhares de
quilômetros, muitas vezes arriscando suas vidas em aviões inóspitos,
pilotados por alcoólatras tarados.
Nesse momento, o mínimo que se pode fazer é respeitar
a vontade de um ancião. O cara está doente. Ninguém de 85 anos
esbanja saúde de touro premiado. Presume-se que nosso herói tenha perdido a
tesão para usar aquelas vestes extravagantes, aqueles grotescos chapéus. O
homem cansou. Chega um momento em que a liturgia do cargo torra a
paciência do mais virtuoso dos homens. Até o Sarney arriou o bombo...
Vaticanistas e outros palpiteiros especulam sobre
papáveis. Atrevo-me a conjecturar se não estaria na hora de um ecumenismo mais amplo. Em
meio a Malafaia e R. Soares, Edir Macedo teria tutano para agarrar no caduceu
de Pedro? Sustaria o avanço sarraceno?
Claro, a ousadia seria menor se a escolha recaísse no
clero sul-americano. D. Fernando Lugo, o lendário bispo reprodutor paraguaio e os
piedosos teólogos Betto e Leonardo Boff não podem ser descartados.
Monsenhor Luiz Marques e Padre Júlio Lancellotti, incondicionais guardiães da
infância, são nomes fortíssimos.
Não vou negar: se dependesse do meu voto, casado, solteiro ou
amigado, Lula já estaria lá. Culto, piedoso, sobretudo ético e honesto, além de misericordioso com viúvas, é o
cara certo para moralizar recintos. De cara, criaria o bolsa-hóstia e o bolsa-sermão.
Com ele iriam os cardeais do PMDB.
De quebra, exporia os esqueletos de Hugo Chaves e
de Fidel para adoração em câmara ardente. Sob as batutas de Valério e Zé Dirceu
& Cia o Banco do Vaticano iria bombar. Completando a equipe, as delicadas
femmes de chambre, ninguém menos que Erenice, Dilma e
Rose.
Nenhum comentário:
Postar um comentário