segunda-feira, 28 de março de 2011

Os adubos da violência

A decoração, o glamour, o bom gosto e a arte de viver perderam de forma brutal e inopinada uma das mais representativas figuras. Com efeito, a arte em Alagoas ficou mais pobre e mais triste com a morte de Flavius Durval, ironicamente em pleno Carnaval.
Flavius engrossa as estatísticas brasileiras que elegeram Alagoas como o estado mais violento do país, além de ser um dos mais pobres, dos mais analfabetos, cuja concentração de renda é uma das mais desiguais.
Vítima de crime passional - segundo a imprensa-, inevitável do ponto de vista de repressão policial, posto que até a arma do crime foi um improviso. Ainda assim, acredito que o binômio violência/lassidão das leis é fator que alimenta os mais sórdidos impulsos humanos. Se os assassinos de Durval forem condenados, em cinco anos estarão nas ruas. É a “progressão da pena”, regra de ouro da nossa moderna justiça.
Ao perder meus filhos, senti na pele o desprezo que as leis brasileiras devotam às vítimas e seus familiares. Certa feita, ao queixar-me que o assassino, condenado a trinta anos, fora visto num balneário, apenas cinco anos depois, ouvi de um membro do judiciário: “Tenho muita pena de você...” Torço para que a dor dilacerante de Aidil Lessa, a mãe de Flavius, além de tudo, não seja obrigada a conviver com comiserações semelhantes.
O fato é que o cidadão comum olha para cima, para os lados e para baixo e só enxerga safadeza e impunidade. Daí, o sujeito acha que também deve ter sua cota de iniquidades. Ora, se há um comando que se envolve nas falcatruas mais despudoradas e nada acontece. Gestores que respondem a dezenas de processos e tudo fica do mesmo jeito... Ninguém é preso, não se devolve um tostão roubado... Rigoroso nesse país só o crescente “furor arrecadandi” do Imposto de Renda. Que é justamente para repassar nosso dinheiro aos manipuladores de verbas.
Em anos recentes, a população teve que conviver com os escândalos dos “Anões do Orçamento”, que nada mais eram que uma quadrilha de parlamentares a se locupletar com o dinheiro público - de emendas e outros que tais.
O caso do guerrilheiro José Dirceu é exemplar. Chefe da Casa Civil, montou, nas barbas do Lula, um dos maiores esquemas de corrupção do país, o famigerado “mensalão”. Com o fato em vias de esquecimento, o cognominado “chefe de quadrilha” (pelo Procurador Geral), o lobista Dirceu canta de galo nos bastidores do poder, enquanto aguarda que a sonolenta Justiça acorde e dê o ar da graça.

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