11 de junho de 2011
Como professor aposentado da Ufal – ainda com restos de pó de giz nos dedos, nas narinas e na alma – acompanhei com interesse apenas acadêmico o desenrolar do processo que culminou com a escolha do químico Eurico Lôbo para reitor. Desconheço as convicções político-partidárias do ungido. Sua eleição, no entanto, representa o (tão em voga no país) continuísmo administrativo iniciado há alguns anos. No meu romantismo bebedourense, boto fé na alternância do poder, como salutar exercício democrático, além de arejamento gerencial pela renovação.
Transpirando democracia por todos os poros, dizendo odiar ditaduras – sobretudo as de direita, muitos cidadãos gostariam de permanecer grudados nos seus cargos até a consumação dos séculos.
O fato é que o experiente Lôbo venceu bem em um eleitorado sem cordeiros; antes seleto, independente, crítico, vezes hostil e, por natureza, oposicionista. Creio que seria uma aposta furada jogar as fichas no “Projeto SUS”. Sim, porque o SUS (cavalo de batalha de uma candidatura derrotada) não pode com o próprio peso. Como pensar nele como tábua de salvação de uma Ufal? O SUS tem mais é que sair do papel. Deve cuidar do desmantelo do HGE, respeitar os doentes, pagar os hospitais e médicos com decência, antes de se imiscuir em questões de ensino.
Quando se fala em continuísmo, SUS, decência, logo nos vem a doce e amável figura da presidente. É de cortar o coração o rosário de desgostos por que tem passado nossa dama de ferro.Palocci, reserva moral e ética do PT, tem se revelado indigesto. Vítima da intriga de oposicionistas “sem rumo e sem discurso”, de forma maldosa foi acusado de enriquecimento súbito e misterioso pela imprensa implicante, rancorosa e golpista.
Para compensar os dissabores com o recalcitrante Palocci, a emoção afloraria com a apoteótica libertação do mito das esquerdas Cesare Battisti. Como se sabe, cada um no seu estilo, Battisti e Dilma operacionalizaram quase na mesma época. Daí os indeléveis laços de ternura. Se pretendiam fundar ditaduras sangrentas deve-se aos arroubos típicos da idade... Enfim, o homem está livre. Um criminoso a mais ou a menos nas ruas, pouca diferença fará. Certamente, em breve estará sendo regiamente pago para conferências (a exemplo do seu padrinho Lula) e delírios de platéias de todas as cores e credos. É o Brasil grande e socialista mostrando à decrépita, burguesa e atrasada Europa que não teme cara feia de galegos de olhos azuis. Aqui tem machos. Que venha o maior terrorista do mundo que “nóis acolhe”.
Finalizo os comentários refletindo sobre o revoltante crime que vitimou a jovem Giovanna Tenório. Vivendo num país de impunidades, onde um Palocci é ovacionado diante de uma presidente em prantos, Malufes da vida andam soltos e um bestial criminoso do quilate de Battisti é festejado como herói, não é difícil imaginar que todo mundo se acha no direito de matar e roubar.
terça-feira, 14 de junho de 2011
A CARNE É FRACA E O ESPÍRITO VACILANTE
04 de junho de 2011 |
Se não me engano, a assertiva está presente em diferentes autores bíblicos (João, Mateus, Paulo e certamente outros). Monsenhor Luiz, de Arapiraca, também a utilizou publicamente, justamente na ocasião do circo montado pelo senador evangélico Magno Malta. Como se sabe, o nobre senador, presidente de uma comissão que investigava a abominável pedofilia, ao interrogar o religioso teria como precípua intenção desmoralizar de vez o catolicismo. Pelos excessos, Malta levaria algumas lamboradas do ínclito Antonio Sapucaia.
A grande verdade é que Deus – para os que creem – é o último refúgio, o precioso aprisco de que nos fala a parábola do bom pastor. O Brasil vive esse momento lindo de humildade e contrição. É um velho filme, dirão os incréus. A sensação, no entanto é diferente. Temos tudo para dar certo, sobretudo pelo fato de a nossa proverbial religiosidade ter alcançado tão alta voltagem.
Maior País católico do mundo, no centro do poder está uma senhora profundamente espiritualizada (consta, desde a campanha quando foi taxada pela imprensa burguesa, hegemônica e golpista de ateia), característica que teria alcançado seu paroxismo durante o tratamento quimioterápico. O piedoso Frei Betto Libânio teria sido o avalista da conversão, a segura ponte entre o Criador e a novel serva.
A verdade é que, segundo se comenta, o pio Gilberto Carvalho tem comandado sessões de oração no Planalto.
Regados a ressonantes cantos gregorianos, terços teem sido rezados na tentativa de aplacar a ira do Senhor, salvar do inferno a alma de Palocci, além do pomposo cargo.
Sim, porque o trotskista Antonio Palocci teria ofendido a Deus e às torcidas do Flamengo e do Corinthians, ao ser beneficiário de um frutuoso esquema de enriquecimento agudo e mal explicado. Como qualquer reles burguesinho, investiu milhões em apartamento de luxo em bairro nobre - reduto tucano, é bom que se diga - e sonho de consumo da decadente e hipócrita burguesia paulistana.
Queimado até pela ala dos petistas invejosos (que não tiveram as mesmas chances), haveria indícios de arrependimento no novo rico. Dentre outras demonstrações, fala-se em renúncia e venda dos bens suspeitos.
O apurado serviria para ajudar o grande blefe nacional chamado SUS.
Por falar de SUS, a eleição para reitor da Ufal chegou na última reta. Há um quê de irônica, zombeteira e desespero na aposta no SUS, como tábua de salvação do HU e, por tabela, da própria Ufal. Pobre HU, pobre Ufal.
Se não me engano, a assertiva está presente em diferentes autores bíblicos (João, Mateus, Paulo e certamente outros). Monsenhor Luiz, de Arapiraca, também a utilizou publicamente, justamente na ocasião do circo montado pelo senador evangélico Magno Malta. Como se sabe, o nobre senador, presidente de uma comissão que investigava a abominável pedofilia, ao interrogar o religioso teria como precípua intenção desmoralizar de vez o catolicismo. Pelos excessos, Malta levaria algumas lamboradas do ínclito Antonio Sapucaia.
A grande verdade é que Deus – para os que creem – é o último refúgio, o precioso aprisco de que nos fala a parábola do bom pastor. O Brasil vive esse momento lindo de humildade e contrição. É um velho filme, dirão os incréus. A sensação, no entanto é diferente. Temos tudo para dar certo, sobretudo pelo fato de a nossa proverbial religiosidade ter alcançado tão alta voltagem.
Maior País católico do mundo, no centro do poder está uma senhora profundamente espiritualizada (consta, desde a campanha quando foi taxada pela imprensa burguesa, hegemônica e golpista de ateia), característica que teria alcançado seu paroxismo durante o tratamento quimioterápico. O piedoso Frei Betto Libânio teria sido o avalista da conversão, a segura ponte entre o Criador e a novel serva.
A verdade é que, segundo se comenta, o pio Gilberto Carvalho tem comandado sessões de oração no Planalto.
Regados a ressonantes cantos gregorianos, terços teem sido rezados na tentativa de aplacar a ira do Senhor, salvar do inferno a alma de Palocci, além do pomposo cargo.
Sim, porque o trotskista Antonio Palocci teria ofendido a Deus e às torcidas do Flamengo e do Corinthians, ao ser beneficiário de um frutuoso esquema de enriquecimento agudo e mal explicado. Como qualquer reles burguesinho, investiu milhões em apartamento de luxo em bairro nobre - reduto tucano, é bom que se diga - e sonho de consumo da decadente e hipócrita burguesia paulistana.
Queimado até pela ala dos petistas invejosos (que não tiveram as mesmas chances), haveria indícios de arrependimento no novo rico. Dentre outras demonstrações, fala-se em renúncia e venda dos bens suspeitos.
O apurado serviria para ajudar o grande blefe nacional chamado SUS.
Por falar de SUS, a eleição para reitor da Ufal chegou na última reta. Há um quê de irônica, zombeteira e desespero na aposta no SUS, como tábua de salvação do HU e, por tabela, da própria Ufal. Pobre HU, pobre Ufal.
PALOCCI, KIT GAY E CIDADANIA
28 de maio de 2011
A humilhação ronda o governo Dilma Rousseff. Quem primeiro mostrou as manguinhas foi Ana Hollanda, facilitando a vida de parentes com o dinheiro público. Há também, desde sempre, o trapalhão Edison Lobão, o lobo mau da energia.
Como numa epidemia, de uma só vez, apareceram o médico trotskista Antonio Palocci e o “educador” Fernando Hadadd, ministro da Educação.
Reincidente, o ex-prefeito de Ribeirão Preto conseguiu driblar denúncias de contubérnio com empresas do lixo. (Prefeitos adoram o lixo). Depois disso, ainda ministro de Lula, foi acusado de habitualidade em homéricas surubas em uma mansão brasiliense, fato que determinaria o estupro da conta bancária do dedo-duro, o caseiro Francenildo. Desmoralizado em todas as frentes, foi defenestrado do cargo, embora tenha dado a volta por cima conseguindo eleger-se deputado federal.
O cara não é fraco. Até então um pé de chinelo, em quatro anos AP construiu invejável fortuna. Provando que comunista não faz voto de pobreza (nem de castidade) multiplicou pães e peixes. Oficialmente a grana teria se originado de consultoria a grandes firmas. Tudo bem. Palocci é sanitarista. Foi ministro da Fazenda. Entenderia ele de economia o suficiente para ser tão regiamente pago? Ou valeu-se de tráfico de influência – na Receita Federal, por exemplo – para facilitar a vida dos clientes?
Pintam outras origens: doações para a campanha de Dilma, lavadas na empresa de consultoria, teriam ido parar nas contas bancárias do sanitarista. Ou então, a grana do lixo finalmente enxaguada e desovada...
Fernando Haddad – como diria Hebe – é uma gracinha. Nesse imbróglio do “kit gay” e da gramática que odeia a gramática saiu-se pessimamente. Os companheiros dos movimentos homossexuais não perdoaram sua tibieza e disseram com todas as letras que ele havia “amarelado”. Enquanto amarelava, um seu assessor, ar debochado, arrancando risos e gritinhos da plateia, assegurava que o ministério ficara três meses discutindo o quanto a língua vasculha e traquina numa transa homo.
Pobre presidente. Valetudinária, pálida e com olheiras, refém do PMDB e do próprio partido – e até da “bancada evangélica” (Garotinho & Cia) – chantageada, para salvar o seu ministro, foi impelida a vetar o uso do “kit gay”.
Fique triste não, seu Haddad. Não jogue fora seus videozinhos eróticos. Tem muitas faculdades de medicina, Brasil afora, loucas para incluí-los na sua grade curricular, como imprescindível equipamento para o curso de cidadania.
A humilhação ronda o governo Dilma Rousseff. Quem primeiro mostrou as manguinhas foi Ana Hollanda, facilitando a vida de parentes com o dinheiro público. Há também, desde sempre, o trapalhão Edison Lobão, o lobo mau da energia.
Como numa epidemia, de uma só vez, apareceram o médico trotskista Antonio Palocci e o “educador” Fernando Hadadd, ministro da Educação.
Reincidente, o ex-prefeito de Ribeirão Preto conseguiu driblar denúncias de contubérnio com empresas do lixo. (Prefeitos adoram o lixo). Depois disso, ainda ministro de Lula, foi acusado de habitualidade em homéricas surubas em uma mansão brasiliense, fato que determinaria o estupro da conta bancária do dedo-duro, o caseiro Francenildo. Desmoralizado em todas as frentes, foi defenestrado do cargo, embora tenha dado a volta por cima conseguindo eleger-se deputado federal.
O cara não é fraco. Até então um pé de chinelo, em quatro anos AP construiu invejável fortuna. Provando que comunista não faz voto de pobreza (nem de castidade) multiplicou pães e peixes. Oficialmente a grana teria se originado de consultoria a grandes firmas. Tudo bem. Palocci é sanitarista. Foi ministro da Fazenda. Entenderia ele de economia o suficiente para ser tão regiamente pago? Ou valeu-se de tráfico de influência – na Receita Federal, por exemplo – para facilitar a vida dos clientes?
Pintam outras origens: doações para a campanha de Dilma, lavadas na empresa de consultoria, teriam ido parar nas contas bancárias do sanitarista. Ou então, a grana do lixo finalmente enxaguada e desovada...
Fernando Haddad – como diria Hebe – é uma gracinha. Nesse imbróglio do “kit gay” e da gramática que odeia a gramática saiu-se pessimamente. Os companheiros dos movimentos homossexuais não perdoaram sua tibieza e disseram com todas as letras que ele havia “amarelado”. Enquanto amarelava, um seu assessor, ar debochado, arrancando risos e gritinhos da plateia, assegurava que o ministério ficara três meses discutindo o quanto a língua vasculha e traquina numa transa homo.
Pobre presidente. Valetudinária, pálida e com olheiras, refém do PMDB e do próprio partido – e até da “bancada evangélica” (Garotinho & Cia) – chantageada, para salvar o seu ministro, foi impelida a vetar o uso do “kit gay”.
Fique triste não, seu Haddad. Não jogue fora seus videozinhos eróticos. Tem muitas faculdades de medicina, Brasil afora, loucas para incluí-los na sua grade curricular, como imprescindível equipamento para o curso de cidadania.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
A CASA DA PALAVRA E A CASA CIVIL
21 de maio de 2011
Ainda ressacado de prazer pela grata e surpreendente assistência (clientes, amigos e familiares) – que, literalmente, “bombou” a Casa da Palavra- na noite de lançamento do meu modesto Janela de Vidro, sou provocado a escrever algo sobre o fato.
O livro, como já foi dito, é uma coletânea de crônicas – publicadas aos sábados na Gazeta de Alagoas, versando sobre temas do quotidiano, com alguma ênfase na política. São setenta textos desenvolvidos entre 2004 e 2005, sombrio período da política em que viria à baila, dentre outros esquemas pesados, um dos mais vergonhosos episódios da vida pública brasileira, o milionário Mensalão. Com respingos em Alagoas, os desdobramentos culminariam com a degola de cabeças coroadas do PT (Dirceu, Genoíno João Paulo et caterva), denúncia de quatro dezenas de suspeitos, inclusive o ministro da Casa Civil, o arrogante José Dirceu, apontado como o chefe da gangue.
Se os fatos mereceram o repúdio da população, como matéria-prima para o cronista foram um pitéu. Por sinal, provando que no governo do PT não há monotonia na Casa Civil, essa pasta voltou a ser foco de notícias e comentários. Passadas as eras Zé Dirceu-Mensalão, Dilma Rousseff-Dossiês, Erenice-Pimpolhos, quem voltou a aprontar
foi o meu colega médico Antonio Palocci. Vejam a ironia. Nós médicos, clínicos e cirurgiões, passamos uma existência implorando por um salário melhor, uma consulta mais digna, uma moradia razoável... e aí vem o sanitarista (o “franciscano” da medicina), o escandalofílico Palocci, caladinho, na moita, e em quatro anos “bomba” exponencialmente o seu patrimônio visível.
A verdade é que – sob a
égide de Ricardo Nogueira – a aristocrática Casa da Palavra também está muito longe de ser monótona. Consagrada como um dos ambientes mais nobres da cidade, lindamente vestida de noiva para o evento, estava perfeita. Nesse aspecto, Janela de Vidro nasceu em berço de ouro. Sem patrocínio de qualquer espécie (ah mordomias!), contou para a sua entrega ao público com a impecável organização da casa e a modulação inteligente e bem-humorada do experiente e inflamado comandante
Nogueira.
Memorável noite! Com direito a canjas dos cantores Madalena, Benedito Lins e Márcia
Telma e da fala descontraída do orelhista Abynadá Liro, não é todo dia que se pode ouvir a palavra sensível, poética, precisa e
concisa de uma Vera Romariz que, generosamente, prefaciou o livro e, estoicamente, disponibilizou-se a apresentá-lo.
Ainda ressacado de prazer pela grata e surpreendente assistência (clientes, amigos e familiares) – que, literalmente, “bombou” a Casa da Palavra- na noite de lançamento do meu modesto Janela de Vidro, sou provocado a escrever algo sobre o fato.
O livro, como já foi dito, é uma coletânea de crônicas – publicadas aos sábados na Gazeta de Alagoas, versando sobre temas do quotidiano, com alguma ênfase na política. São setenta textos desenvolvidos entre 2004 e 2005, sombrio período da política em que viria à baila, dentre outros esquemas pesados, um dos mais vergonhosos episódios da vida pública brasileira, o milionário Mensalão. Com respingos em Alagoas, os desdobramentos culminariam com a degola de cabeças coroadas do PT (Dirceu, Genoíno João Paulo et caterva), denúncia de quatro dezenas de suspeitos, inclusive o ministro da Casa Civil, o arrogante José Dirceu, apontado como o chefe da gangue.
Se os fatos mereceram o repúdio da população, como matéria-prima para o cronista foram um pitéu. Por sinal, provando que no governo do PT não há monotonia na Casa Civil, essa pasta voltou a ser foco de notícias e comentários. Passadas as eras Zé Dirceu-Mensalão, Dilma Rousseff-Dossiês, Erenice-Pimpolhos, quem voltou a aprontar
foi o meu colega médico Antonio Palocci. Vejam a ironia. Nós médicos, clínicos e cirurgiões, passamos uma existência implorando por um salário melhor, uma consulta mais digna, uma moradia razoável... e aí vem o sanitarista (o “franciscano” da medicina), o escandalofílico Palocci, caladinho, na moita, e em quatro anos “bomba” exponencialmente o seu patrimônio visível.
A verdade é que – sob a
égide de Ricardo Nogueira – a aristocrática Casa da Palavra também está muito longe de ser monótona. Consagrada como um dos ambientes mais nobres da cidade, lindamente vestida de noiva para o evento, estava perfeita. Nesse aspecto, Janela de Vidro nasceu em berço de ouro. Sem patrocínio de qualquer espécie (ah mordomias!), contou para a sua entrega ao público com a impecável organização da casa e a modulação inteligente e bem-humorada do experiente e inflamado comandante
Nogueira.
Memorável noite! Com direito a canjas dos cantores Madalena, Benedito Lins e Márcia
Telma e da fala descontraída do orelhista Abynadá Liro, não é todo dia que se pode ouvir a palavra sensível, poética, precisa e
concisa de uma Vera Romariz que, generosamente, prefaciou o livro e, estoicamente, disponibilizou-se a apresentá-lo.
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